IMPOSIÇÃO NECESSÁRIA
A tarde encerrou-se mais cedo, não sei se foi para deixar assanhada a passarada, ou se pretende despencar chuva céu abaixo.
De qualquer sorte estamos com o acampamento montado, e o chimarrão cevado já passa do de mão em mão.
Na reunião das quinze horas ficou acordado que os filhos de Olodê deverão despachar todos os axés que estão no roncó, e, como o tempo esta prometendo chuva, dou um gritaço pros guris acelerarem.
Rhuga, do meu lado me despertou estranheza. Caminhante, tranqüilo, falante; rimou... sempre alegre não muito expansivo mas participativo em todos os assuntos.
Incluindo novelas, estava cabisbaixo e olhar no vazio.
Deixei os companheiros seguirem para suas obrigações e quando ele se levantou para buscar água no riacho, eu o fiz voltar.
O indaguei sobre as nuvens escuras que pairavam no fundo de seus olhos, entorpecendo sua alegria.
Engasgou, engoliu em seco,... despencou.
Entramos então na minha barraca, deixei cair a lona que faz a parte de porta.
A regra é clara: porta fechada, privacidade a ser respeitada.
A angustia marcava o olhar do caminhante, sentia-se um perdedor.
E o motivo era óbvio: família.
Sentiu o nobre caminhante na própria pele o efeito da liberdade desenfreada que os jovens estão experimentando.
Libertinagem estimulada pelos doutores de "psico" isso e aquilo, cheio de idéias de pilantragem mental.
Idéias que degeneram as melhores normas de conduta e desempenho familiar e social.
A queixa de Rhuga, ou, o sofrimento de Rhuga provinha da raiva exalada do seu filho, quando de uma discussão sobre algo trivial.
A raiva é o esforço de defender o que valorizamos.
E Iaguara, o filho de 14 anos, não poupou palavras agressivas para expressar seu ponto de vista, visando expandir sua liberdade.
Uma claridade, e de imediato Uma trovoada se fez ouvir, e como previsto começou a chover.
Uma claridade, e de imediato Uma trovoada se fez ouvir, e como previsto começou a chover.
Por sorte os Olodês retornaram de sua jornada. Despacharam os axés com êxito no cruzamento em um trevo próximo onde os trilhos do trem cortam a faixa de chão batido.
Nosso acampamento esta diferente do convencional e principalmente do que mais gosto.
Estamos visitando um acampamento de oito famílias, que no total chegam a 48 pessoas.
A situação financeira do grupo é uma das melhores da região sul, mas não por isso deixam de ter problemas de disciplina no ambiente familiar, e a prova maior esta com Rhuga.
Estou acompanhado por três alabis e quatro ogãs, que já organizaram todo o material para os axés da noite.
Mas agora já com a chuva forte estamos todos nos dirigindo para a barraca maior, que denominaram circo pelo tamanho. É uma barraca redonda com um diâmetro de 50 metros .
No centro, mantendo a tradição a fogueira de toras cercada de pedras.
Os lampiões aqui, ao contrário de muitos acampamentos que são de querosene, são de gás, os chamados liquinhos, a claridade é muito maior.
O que não impediu de ao saborearmos um peixe frito com vinho e pão, de continuarmos nossa conversa, agora entre dezoito companheiros de jornada entre eles dois jovens que casaram a cerca de dois meses.
A prosa decorreu sobre a família e principalmente o papel disciplinador do pai.
Não apenas pelos filhos adolescentes [aborrecentes], mas também e principalmente, pela família, um verdadeiro pai, não apenas biológico mas espiritual sabe que muitas vezes será incompreendido.
Não entenderão os meios, os objetivos de uma figura paterna que representa ao mesmo tempo autoridade e afeto,o amor e a firmeza.
Mas a firmeza de uns podem faltar em outros, por vários motivos e o mais comum é o do comodismo.
A velha desculpa de.. confio no meu filho e na criação que dou....ou..., não tenho tempo para acompanhar pois estou deveras ocupado com trabalho, ou ajudando o próximo... sim mas e aí? Fazem vistas grossas para situações perto de si e estimulam os que de longe estão querendo apoio para se soltarem, até perceberem o erro.
Toda ação gera consequentemente reação.
Mentir para si próprio muito tempo faz acreditar estar vivendo verdadeiramente o engodo, e para manter as pessoas acreditando, enraíza a farsa só restando culpar os outros, e aí vem a história antiga das más companhias.
As leis arbitrárias de hoje em dia embasadas em pessoas de cultura elevada e sem rumo fazem com que especulações sejam prioridades e sem perceber geram oficinas itinerantes de jovens sem rumo.
Rhuga participava da conversação, mas de uma maneira evasiva.
Se sentia constrangido por ter escutado dos seus filhos que ele queria moldar suas vidas, faze-los viver a sua verdade sem dar chance a eles descobrirem por si mesmo o que reserva a estrada.
Sofria pela verdade imposta pelos seus filhos, e, não conseguia montar mentalmente uma defesa de suas atitudes. Aceitava a culpa, simplesmente recebia a sentença e pronto.
Diná defendeu em poucas palavras o que acreditava que esta acontecendo na atualidade: a presença da mãe, da avó ou seja a figura feminina que esta em falta em muitos lares quebrou uma atmosfera conhecida, aceita e comprovadamente de bons resultados.
Psicólogos, psicanalistas, e outros doutores colocam que a falta de mãe e pai no convívio é motivo de risco, que pais ou mães separados criam atmosfera inadequada para a criação.
Mas não são eles mesmo os primeiros a deixarem seus lares e seus filhos aos cuidados de babas ou em creches com a desculpa de ocupar seus espaços na sociedade?
Não estimulam avôs e avós a se unirem em festas de terceira idade e outros eventos?
A desculpa é sempre a mesma: buscar seu espaço na sociedade. Buscar seu espaço na sociedade globalizada.
Embolou...
Pior, são os primeiros a dizer que a criança de risco é pela ausência de pai ou mãe.
Lares que corrompidos soltam as ruas filhos e filhas desagregados, ansiosos, e, em muitas situações ás margens da marginalidade.
A roda estava formada somente a piazada estava a correr fora das lonas, já que a chuvarada foi típica de verão.
Badernou e se furtou.
Não tem como comparar o tira gosto que foi peixe-rei frito com o jantar que esta sendo servido: bagre ensopado. Farto, suculento e muito bem temperado, pirão de farinha de milho fina.
Antes que interrogues se não tinha um bom vinho, eu já esclareço que a janta foi acompanhada por boa música de gaita e viola, com vinho bordô e pão especial.
O pão especial é uma massa sovada e que tem seus ingredientes somados a condimentos como, anis, erva doce, cominho e uma pitada se pimenta-do-reino ou gengibre.
O KAKO continua a prosa, sob os olhos atentos da maioria principalmente Eva, Tadeu, e claro Rhuga.
Todo Pai sabe que deve exercer a sua autoridade pelo bem do próprio filho, que nem sempre tem idade ou capacidade para compreender sua atitude de amor paterno.
Mas mesmo com limites o verdadeiro Pai não pode ser aquele que simplesmente diz sim.
Dizer sim é fácil. O difícil e, o que realmente prova o amor paterno é ter que ás vezes dizer não, mesmo incompreendido.
Ser Pai é educar seus filhos para uma vida inteira e não apenas agradar em momentos isolados.
Dar limites estimulando a força de vontade, competência para conviver com as diferenças individuais que a sociedade impõe na vida adulta.
Mostrar-lhe os limites de seus direitos e o peso de seus deveres.
Bem aqui existe um complicador por que nunca vão faltar os que de fora dizem que existe exagero na educação, que existe radicalismo, caretice, e principalmente... eu faço assim e assado para meus filhos,... ah thá!!!
E os resultados? Trancados em quatro paredes.
Não esta errado, pois roupa suja se lava na tina de casa, mas esconder problemas e julgar os outros, pior que julgar tomar atitudes, querendo expor pessoas de bem é no mínimo incoerência.
A moda macaco, falando do rabo do outro e o seu bem, o seu...
Impor a juventude limites esta sendo um grande problema, e insustentável amanhã.
Ensinar os padrões éticos e morais e até os valores de polidez, dos bons costumes e hábitos.
Ensinar seus filhos a compreender os mais velhos, a valorizar a experiência alheia, a respeitar seus professores, chefes, patrões e as até mesmo autoridades constituídas, sem serem submissos, mas firmes e assertivos.
Um verdadeiro Pai passará a seus filhos um conjunto de crenças e valores humanos que farão de seu filho um sucesso!
Mas o maior sucesso para um aspirante a ser chamado de Pai, é ter a certeza que seu filho jamais o trocaria por outro para desempenhar esta sublime missão.
Portanto meus camaradas caminhantes na estrada da vida.
Parem.
Abram as gavetas do tempo, desenrolem os pergaminhos do pai e do avô. Recordem.
Atualizem.
Apliquem sem medo de errar.
Por mais modernismo que apareça, ainda se faz bolo com farinha, fermento, ovos, leite, gordura e AMOR.
Que o PAI ilumine e esclareça.
Ou jafusi Inanga.
E-mail:rakaama@vetorial.net <==> Site: www.vetorialnet.com.br/~rakaama http://rakaama.blogspot.com/
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