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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Pisando Chão 1

 




PISANDO CHÃO    1
         



A teologia africana nos remete a uma cultura monoteísta, com um único Deus chamado de Olodumarê, que sob suas ordens os Orixás de maneira individualizada mantém contato com os homens.
A cultura dos Orixás em sua origem era completamente tribal, e com o advento da escravatura no Brasil e em outros países, se fez necessário para questão de sobrevivência que se unissem, e mesclando os rituais, também se criou uma grande variedade do mesmo 0rixá.
As manifestações das entidades embora sejam as mesmas recebem nomenclaturas diferentes e claro são tratadas de maneira peculiares.
Mas essa situação criada para a preservação em nada se distancia da verdadeira energia dos Orixás e nem eles dos subordinados, que são entidades em evolução para servirem de ligação entre os encarnados.

Todos são iguais perante Deus, e a cultura negra através do carnaval, a umbanda, capoeira, maculelê, musicalidade como o samba estimula a união entre brancos e negros, todos irmanados sob o ala de Oxalá.
Embora de grupos diferentes, linguagem outra, os sacerdotes acabaram se unindo para a preservação, e até hoje as diferenças existem, incluindo o dialeto, no entanto é bom salientar que não serão leis que manterão a unidade, e a liberdade, é um bem precioso demais para ser desperdiçado entre os que não merecem.

Os vencedores de hoje serão, os vencidos de amanhã.
Mas somos todos iguais na prática do sacerdócio, embora estejamos em nações diferentes, ritual, cor, formas de execução, costumes, estado geográfico, cultural, intelectual, financeiro... trazemos por igual a marca no xacra, a energia na mão e a força do hálito.
A força das energias manipuladas por um sacerdote é o motivo principal para que até hoje e vai perdurar, quando problemas físicos, psíquicos, sociais começam a atormentar uma pessoa, é aconselhável a busca de um especialista na área e paralelamente uma consulta oracular.
Muitos e muitos problemas que aparentemente não apresentam solução a ótica do materialismo, mesmo nas mãos de competentes e interessados profissionais podem ser provenientes em suas raízes do fundo espiritual.
Podem ser resultados e vistos como decorrência de falência de vibração de algum Orixá ligado a pessoa, não necessariamente o principal.
O desequilíbrio de seu ori se refere a um estado decorrente de uma poluição momentânea, temporal ou até definitiva dependendo da gravidade e do tempo que esteja instalada.
Muitos são os motivos que levam ao desequilíbrio, que pode ser ocasionada por distúrbio físico, emocional espiritual como demandas, feitiços, contágios com eguns, etc., caracterizada como doença, sendo esta entendida seja como de desordem física, mental, seja como distúrbio dos caminhos na vida social.
Portanto, prescreve-se para tal, rituais de purificação e reintegração para aquele que ameaçado o equilíbrio individual ou coletivo possa se organizar no contexto.
Mas o candomblé, em seu caráter universal, tem muito mais que representação ritualística.
A formação de um leigo em adepto, iniciante e filho de uma casa de santo não visa apenas uma formação unicamente para aprimorar o indivíduo, inclui sabedoria, crença, normas, leis e costumes para entrosa-lo melhor na comunidade em que alem de fazer parte como cidadão, também partilhará seus conhecimentos como obreiro em prol dos demais.
Isto está presente no pensamento da comunidade, de forma que implícita e explícita, objetivando compreender a humanidade e a vida de modo que integrado a família religiosa, familiar biológica e social integre também o indivíduo ao Cosmo.

O culto aos orixás é conhecido como uma das mais antigas religiões do mundo, na história da civilização do homem, e seu objetivo principal é alcançar o entendimento com o todo, abrindo caminhos de paz, harmonia e fé para a humanidade.
Embora não existam leis escritas que determinem como proceder ritualisticamente, elas fazem parte do saber oral, passando de geração para geração.
Adaptado harmoniosamente ao longo do trajeto.
O motivo pelo qual antigamente era passado apenas de forma oral, não era por imposição dos Orixás e entidades subalternas, mas sim por necessidade ou privação social.
Muitos dos adeptos e iniciados nos altos escalões da religião eram analfabetos, havia controvérsia nos dialetos, guerras tribais, tabus familiares, etc.
Hoje é bem diferente e a cada dia com surgimento de meios mais versátil de comunicação a divulgação, estudo a respeito do culto ultrapassam fronteiras, o que é muito bom para manter atualizada, viva e principalmente mais sólida visando o fortalecimento para que por mais tempo possa estar presente e influenciando a sociedade de maneira direta ou indiretamente.
No entanto, as raízes não foram deturpadas e nem serão, pois suas leis, costumes e rituais mantiveram os grupos regrados e unidos fazendo com que o legado fosse aceito de maneira incontestável no seio da comunidade africanista exatamente por essas leis serem a mola mestra que desenvolve a união de todos os elementos. Perpetuando-se assim ao longo de milênios.
Os Orixás com seus subordinados são divindades intermediárias de comunicação tendo cada um a responsabilidade de guiar os espíritos para a companhia daqueles de mesma linhagem.
Cada um deles tem o seu dia sagrado, alimentos, animais para sacrifícios, plantas e folhas específicas à sua forma de comunicação e a sua importância está relacionada com a sua especialidade no domínio, que pode e atua sobre um determinado elemento da natureza, caracterizando assim o seu poder espiritual e seu meio de atuação, manifestação. 

Desta forma, a grandeza de um determinado Orixá não é tão essencial, mas a inter-relação entre um e outro é que é realmente importante.
Todos os orixás tem importância igual no universo.
Foge-se então das religiões tradicionais em que colocam determinados elementos com prioridade.
Destacam e atribuem a um efeitos bons e a outra negativos.
Temos um único Deus, comandando e organizando os Orixás que são manifestações naturais e que por sua vez mantém o contato conosco através de entidades desencarnadas evoluídas, mais coerentes com nossa energia.
No candomblé os orixás têm dualidade de sua energia principal e de maneira dual sua manifestação.
Contidas nelas atribuições positivas e negativas de uma mesma fonte emanadora, portanto mantendo assim o equilíbrio.
As sociedades africanas tem concepção clara sobre a existência e fenômenos da natureza.
O primeiro relaciona-se com a existência no Aiyé, terra habitada, e no Orun, espaço além.
O segundo refere-se aos fenômenos naturais.
Cada indivíduo possui seu espírito específico Orí.
Este encontra-se agrupado com outros de mesma linguagem ou caráter, Égbé Órun- grupo ou membro de origem espiritual.
No que diz respeito aos fenômenos naturais, o que afeta a um membro de um Égbé Órun afeta da mesma forma a um membro do Égbé Aiyé.
Ritualisticamente, acredita-se que todas as coisas da natureza, tais como pedra, areia, madeira, água, plantas, etc... possuem essências que podem, se extraídas e utilizadas corretamente fazer algo em benefícios dos homens.
Rituais são promovidos e respondem à eficácia de nossas rezas que abrem facilmente um canal de comunicação dos nossos desejos a Deus.
Mas estes rituais variam em forma e ordem.
É preciso saber o tipo certo e essa determinação advém de Ifá-Olokun.
E, quando feito dentro das especificações corretas, os resultados serão sempre satisfatórios.
Todos os ritos da prática religiosa são sistematizados. Desde encantamentos, consultas de jogo de búzios são revestidos de bastante objetividade.
A preocupação principal é o bem-estar da coletividade, cuja à responsabilidade de cada membro varia de acordo com o seu nível de conhecimento.
Nada será solicitado ou cobrado sem antes ter sido ensinado, experimentado e o resultado aprovado.
O principal objetivo é saber fazer, necessariamente ter contato com a negatividade.
Desta forma, o candomblé é uma variante religiosa forte. Cada membro detém, no hálito, no olhar, no andar, nas mãos e no pensamento, um poder genético espiritual.
Às vezes de caráter imperceptível.
Mas a verdade é que os adeptos não tem somente este poder, como também podem atuar nas consequências deste mesmo poder.
Onde tudo pode ser feito ou desfeito no culto aos orixás e sua qualidade depende muito da maneira que é feita a transmissão do conhecimento ao longo do tempo.
O método adotado no passado e o de hoje para manter intacta a liturgia, leis, regras deixam a desejar na medida que muitos interesses se formaram ao longo da estrada.
A qualidade, portanto, acaba sofrendo os agulhaços de  consequência  social,política e religiosa predominante ao longo dos séculos.
As religiões mais fortes ou mais ricas, seria melhor colocar assim, e refiro-me rica em valores materiais, pois como poderemos em pleno juízo medir a verdade alheia? Por em dúvida a religiosidade dos nossos irmãos e o valor de outras crenças?
Não, não podemos e não vamos lançar julgamento.
Valores são muito relativos, até por que sabemos que os brancos também escravizavam brancos, matavam e subjulgavam, e, da mesma raça, apenas por darem nomes diferentes aos seus deuses.
Sabemos que quem manipulou de primeira a escravidão negra foram os próprios negros para enfraquecer as tribos rivais.
Não nos importa, nos interessa exclusivamente manter a nossa religião o mais coesa possível.
Não sendo egoísta e cumprindo a regra de que todos  somos irmãos por Olodumarê.
Mas a maneira com que ela vai se manter depende de como vai ser transmitida.

Na antiguidade o conhecimento só podia ser passado de maneira oral, não por determinação dos orixás, mas por limite cultural, como já escrevi acima, desta maneira somente alguns tinham o conhecimento e detinham os preceitos mais fundamentais.
A cultura era limitada, ler e escrever não é para muitos, portanto a cabala, que é muito semelhante a cabala hebraica, e os símbolos se difundiram a modo de perpetuar os ensinamento, no entanto dificultava quem não tinha interesse real ou não era apto.
O fator socioeconômico teve influência predominante  na violação dos segredos básicos e elementais.
Quem podia pagava para <aprender>.
Quem ensinava só passava o que o dinheiro pagava, e escondia o resto, muitas vezes levando para o túmulo.
A mistura de ritos, costumes, deturpações das regras, linguagem e até mesmo no caráter de determinadas entidades foram maculadas por tradições mais fortes e poderosas principalmente politicamente.
O meio social em que estavam presentes os antigos Bábás foram corrompidos quando do auge da escravidão de corpos.

Nos navios negreiros misturaram-se as raízes e para sobreviver melhor foi uni-las, mesmo que o preço de perder a essência fosse pago a gotas de sangue.
O pior ainda estava por vir, quando alguns com desculpas de estudos começaram a cavar fundo para manipular as raízes e usando a desculpa do modernismo, adaptação, e tantas coisas mais alteraram o curso do rio.
Observa-se também que pelo fato do conhecimento só poder ser passado de maneira oral, e reafirmo que não foi por determinação dos orixás, mas sim e principalmente por limite cultural, principalmente pelos que trouxeram a religião para o Brasil, aconteceu um apelo até por sobrevivência, e em  pior da hipótese não ser perdido de vez a liturgia, o legado dos antepassados, muitos que detinham o conhecimento passaram a “vende-lo”.
Daí não houve o repasse do conhecimento por quem tinha para quem merecia, mas sim de quem tinha em dose dupla, ou seja, tinha o conhecimento e necessidades básicas materiais, escolhendo então quem pudesse pagar.
Deveria ter sido no passado e deve ser no presente, o repasse do conhecimento ao escolhido, por suas qualidades ou por orientação dos Orixás quando determinado no jogo de Ifá.


Infelizmente é mais comum o conhecimento, embora parcial, ser passado não pelo merecimento ou por ordem dos Orixás, mas sim pelo poder financeiro.
O sacerdócio não pode ser negociado, ele esta comprometido com o carma do indivíduo que usará seu livre arbítrio para consuma-lo ou não.
O importante é deixar bem esclarecidos que o dom, o destino, predestinação, não podem ser negociados com objetivo único de tirar vantagens, ou por mero capricho da vaidade.
Vocação sacerdotal é coisa séria.
O fato de fazer o "Santo" não habilita a pessoa a ser "pai" ou "mãe"-de-santo, ou imediatamente ocupar um lugar de destaque na casa.
Sou a favor da evolução, pois é uma lei natural, no entanto certos preceitos no tocante as religiões tem que ser preservados correndo o risco de o mistério ser exposto e encontrar barreiras absurdas que as fazem perder a engrenagem a que estão organizadas.
Com o passar do tempo não se admite mais que o conhecimento seja apenas passado de maneira oral.
É importante o bate-papo para aprofundar e personalizar o ensinamento, mas utilizar os meios existentes para a divulgação, orientação significa muito mais que expor o conhecimento, na realidade tem seu valor elevado para o conhecimento ser propagado, desmistificado, deixando apenas ritos importantes e sacramentais a disposição daqueles que fazem por merecer ao longo de uma jornada de 3 dekás. 
Mas o critério tem que ser mantido:
SEGREDO PASSADO POR QUEM TEM, PARA QUEM O MERECE RECEBER.
Ou jafusi Inanga.



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