Ainda sinto o
cheiro da pólvora dos foguetes, rojões e artilharia.
Ainda ecoa o
griteril frenético das crianças, e os “ohhhhhhhhhhhhh,” dos mais velhos.
Sim é bonito, emocionante
o romper de um novo ano.
Comidas, bebidas,
presentes, agrados e mais agrados.
A chuva que
castigava desde cedo parou exatamente 23hs55 minutos.
Com isso deu
ensejo a movimentação, e, a alegria pode tomar forma.
Mas o mundo de
hoje, não mais é como de tempos atrás.
Recordo
,quando piá e gurizote, o romper do ano novo era maravilhoso e realmente muito
festivo.
Rompíamos com
os familiares e íamos nos juntar aos demais, com instrumentos musicais, percorrendo
assim as ruas e visitando residências, principalmente
dos componentes da fanfarra.
Varávamos
madrugada adiante.
Existia mais
alegria, acredito até que mais esperança.
Esperança do
rapaz conhecer nova moça, a moça conhecer um moço.
Conseguir um
emprego...
Hoje o rapaz
pode conhecer uma moça, mas será mulher?
A moça pode
conhecer um moço, mas será homem?
Serviço, trabalho,
emprego, qual nada... auxilio desemprego, vale fome, vale a pena ser preso, vale
a pena ser pedreiro, etc e tar.
Sei que o
simbolismo do fogo é de transformação, mas...Mas o cheiro da pólvora lembra-me
guerra, dores, aflição,sofrimento e perda.
Sim perda de
dignidade, bens materiais, vida, estrutura.
Mas estamos
contando mais um janeiro.
Muitos pararam
ao longo da estrada, mas nós estamos aqui para testemunhar as mudanças, já que
o fim do mundo não veio em 2012...
O Estrebuchado me chama ao canto para me fazer uma pergunta.
Confesso que
não esperava que em meios aos folguedos ele me pedisse orientação
espiritual.Mas o cara de pau fez a dele.
-O que fazer para agradar o orixá que governa o
ano?
Lhe dei uma
olhadela que até cachorro pederasta
se assustaria.
Ele saiu de
fininho.
Eu,
moderadamente pela data ,lhe fiz sinal que mais
tarde lhe explicaria.
Recebi dele em
troca um olhar de agradecimento e alívio.
O que fazer
para agradar o orixá que governa o novo ano, sempre é a pergunta que não cala
entre dezembro e 20 de janeiro.
Já pasava das
quatro horas da manhã e começamos a conversar sobre o assunto.
Para cada
entidade existe uma variedade muita grande de agrados, obrigações,oferendas
,etc,cada uma com uma finalidade bem distinta da outra.
Os ebós são
elementos utilizados para energizar, trocar energia com as entidades que
estamos vinculados por algum motivo.
É importante
você agradar as entidades que comandarão o ano, no entanto muito mais
importante ,na minha maneira de pensar é você agradar seus orixás,suas
entidades em primeiro plano,pois para a individualidade é mais importante
aquele a quem a pessoa esteja vinculado pelo laços da eternidade.
Portanto fazer
agrado para os donos do ano e esquecer seus orixás é verdadeiramente
perca de tempo e de dinheiro.
Vale mais você
estar organizado com o seu orixá do que estar com os governantes.
Também é
importante saber que influência tem os governantes sobre você no que diz
respeito as energias em que cada orixá esta vinculado.
Se você já leu
nesse sate no link LENDAS dos ORIXÁS,
você vai entender melhor o que lhe digo, pois cada entidade tem afinidades,
equilíbrio e desequilíbrio com as demais, sendo sustentação para umas, queda
para outras, paz para uns e guerras para alguns.
Preste bem a
atenção, primeiro agrade os seus orixás para que os subordinados deles que
estão ao seu lado possam estar energizados e prontos para nos acompanhar no dia
a dia.
Se poder
financeiramente e seu coração assim determinar agrade os donos do ano tendo sempre
em mente que vibração eles acarretam para você.
Mas o mais
importante no final do ano é que traçamos novamente, metas.
Procedimentos
desde a alimentação, dieta, exercícios, postura de uma maneira geral com a
sociedade e com a micro sociedade: a família.
Muitas vezes
não percebemos o quanto mudamos com o passar do tempo, mas com certeza mudamos.
Precisamos, sim
de estímulos e essas datas são mais fortes na realidade que o próprio natalício.
É saudável
abrirmos as gavetas da alma.
Eliminar
coisas saturadas, ideias mesquinhas.
Sentimentos, principalmente
os que nos prejudicam.
Hábitos
enfadonhas, mofados pelo tempo.
Arejar a
mente, dar espaço, deixando transitar ideias inovadoras.
Mas como toda
árvore a raiz permanece, a renovação é escalonada, a essência é a mesma, a raiz
esta intacta, apenas desbastes os galhos, ei... sem maldades... realmente
estou realizando uma poda, cortando as arrestas, tirando espinhos para não
ferir, a menos que seja para defender.
Galhos mortos
como as ideias, não servem para nada, tem que ser extirpados.
Abro
mentalmente cada uma das gavetas, das pessoas, das ideias, dos tormentos, das
alegrias e das tristezas, essa com certeza é a mais cheia e ocupando espaço das
alegrias e principalmente da esperança.
Tem que ser
limpa e com urgência, pois quando a pasta esperança fica abarrotada de
sofrimento, a desilusão toma conta. Já viu o preju.
É preciso
coragem, determinação e principalmente confiança.
Sim. Confiança
em si mesmo e no PAI clemente e
misericordioso,para esvaziar e manter elas funcionando, armazenando, ativadas.
De tanto
exemplificar usando as árvores me alembrei
agora da situação Bim,...
A vida é uma
eterna renovação buscando a evolução, lógico que renovar, mudar, alterar sempre
é possível, mas conseguir se elevar, bem, já nesse item muitos fatores entram
em jogo.
Alem do que a
evolução nem sempre é individual, pode ser necessário por questões cármicas que
se conclui que somente um mais outro ou outros podem passar de fase, ou seja
evoluir.
A questão mal
resolvida que sempre se arrasta e deixa interrogações e pontos de infinito
aprendizado, constante e ilógico muitas vezes, pois nem sempre a nossa
compreensão consegue perceber o por que de determinada situação, mas, é assim, e
não tem como fugir, refiro-me ao grupo organizado dos Abikus.
Entidades
agrupadas essas com as determinações idênticas a dos Eguns de Bábàs.
Os dois grupos
estão intimamente ligada a raiz e a posterioridade, ou seja, passado e futuro.
Isto é uma
certeza. No entanto a incógnita é o presente.
Queira ou não,
estão lado a lado com a justiça divina,
fazendo cumprir a lei da causa e do
efeito.
Mas a misericórdia é uma dádiva para poucos.
Mas como tudo
tem que evoluir, seguir adiante, cada dia que passa o tempo de manifestação
dessas entidades estão também mais curtas e retornando a reencarnar com mais
frequência, assim, mesmo que não deixem os cacuetes
da família de origem espiritual, vão se mesclando com as situações aceleradas
do mundo visível, voltando a outra dimensão com pensamentos já diferente dos tempos
passados.
Observa-se
isso quando nos axés.
Quando
montamos uma espécie de assentamento, digo espécie pois parece mas não é.
O motivo de
não ser é justamente para não aprisionar ali um elemento que necessita de
liberdade para seguir jornada evolutiva,pior,é o fato que estamos atrelado a
ele e se colocarmos uma bola de ferro nele automaticamente estaremos, também
retardando nossa evolução.
Mas, a espécie
de assentamento é na realidade um ponto de referência, um farol na escuridão do
conhecimento e na desgraça da entidade
solicitada a partilhar para aprender e sentir a realidade atual, o presente, que
ele desconhece, pois vive atrelado as dores do passado (não nos envolveremos quem é o culpado ou inocente, pois acredito
particularmente que todos temos porcentagem de algóz e de vítima), querendo
apenas usar o futuro como mecanismo de desforra.
Estando a
entidada Abiku ou até mesmo Egun sintonizada com as entidades destacadas para
tal,principalmente Xangô e Iansã,vão conseguir através do respeito,carinho e
homenagem ser chamadas a limpeza também de suas gavetas.
Com isso, o
tempo de perseguição, de obsessão diminui, fazendo com que eles também se
afastem sem aviso prévio, e geralmente envergonhados das atitudes desejadas
anteriormente, descumprindo assim, as regras de só voltarem para o Orun após
levar consigo o companheiro do passado.
Nessas
situações os faróis, como me referi anteriormente sofrem a consequência da
falta de energia que o fez útil.
Quando
imantamos algo para alguma entidade espiritual, é óbvio que a essência dessa
energia esta contida no elemento imantador, no assentamento, no sinal.
É assim a
maneira de haver a identificação do elemento energia com o elemento habitat
eventual.
Mesmo que não
seja, e não deva ser um local em que a energia esteja aprisionada, mas quando
sai não olha para trás, e, carrega consigo elementos para o regresso,
principalmente energia alteradora da vibração anterior.
Sendo assim é
óbvio que no local onde serviu de morada, estilo, e, exemplificando quando
morremos o corpo vai se deteriorar, perder a vinculação com a energia
significando perder controle, esmorecer,
morrer.
Com essa
situação atuando os elementais usado para o campo vibracional do Abiku vai
sofrer dano visível quando ele seguir para Orun.
No caso em que
é feito em plantas com certeza ele retira junto com o conhecimento da natureza
através de entidades ligadas a Ossaim, Iroko supervisionados por Orunmilaia, também
carregando a energia da essência da
planta, como combustível de energia, da mesma maneira que utilizamos as plantas
para nossos amacis, de limpeza, purificação e principalmente no casos deles
para energização.
Normal, então que fiquem sinais visíveis de falta de
energia atuante no local onde tenha sido ou servido, melhor dizendo, de ponto
de referência, reverência e sintonia com essas entidades, que deixam de ser
perseguidoras e se encaminham enganjadas para nova fase, a reorganização
através do aprendizado.
Também se nota
que quando encaminha-se, surge nos envolvidos encarnados um grande sentimento
de perca, o que não é novidade, pois quem se aproximou tinha motivo, dentre
eles o parentesco, assim dizendo, no mundo espiritual, e quando se afasta é
lógico que com mais afinidades, estilo levando saudosidade para Orun.
Sentimento
partilhado de almas gêmeas, não no sentido AMOR HUMANO, mas sim sentimento espiritual
de cumplicidade, principalmente de metas.
Nesse caso é
conveniente e sempre aconselho despachar todos os elementos vinculados aos pés
de uma árvore frondosa, sem espinhos,em um domingo antes de clarear totalmente
o dia.Arriando sobre uma toalha branca.
Sobre ela no
centro todos os elementos que fizeram parte dos axés e na sua volta:
-2 tigela com
canjica branca feita com leite de coco.
-2 tigela de
lentilha verde.
-2 maças
vermelhas.
-2 banans
prata.
-2 acarajé.
-40 balas de
banana.
-40 balas de leite.
-4 punhados de
deburu.
-24 merengue, ou
suspiros.
-7 brinquedos
diversos masculino.
-7 brinquedos
diversos femininos.
-2 copos com
café.
-2 copos com
leite.
-2 copos com
água mineral sem gás.
-1 vela branca
em cada canto da toalha.
Não é importante
apenas abrir as gavetas e esvaziar, mas
principalmente manter atuantes, funcionando, guardando, sendo usadas, recicladas.
Claro que
temos que dar prioridades a personalidade, a formação a integridade moral, sem
exageros, e entre essas esta, os sentimentos.
Valorizar
nossos sentimentos, lutar para concretiza-los e principalmente fazer com que o
respeitem.
Quando refiro a gaveta dos sentimentos não estou apenas me referindo a sentimento para namorar, ficar, casar ou sei lá o que rola no dia a dia, mas mesmo tendo 40, no meu caso 52, no seu ou de outra com 76, bem idade não interessa, pode e deve namorar, mesmo que e principalmente se for já casado ou ficante ou amigado, ajuntado... desde quando tem que ter idade máxima para viver bem com alguém quando se ama?
O ano de 2012
foi marcado pelo enxame de notícias sobre o final do mundo.
Ora faça o seu
final do mundo também...renove..viva!!!
E essas renovações
que me refiro estão empregnada no meu cérebro, e vem nítidamente a tona quando
relembro uma passagem com meu kaku.
O dia mal
começava a clarear, e, embora fosse verão poucos raios baixos se faziam notar.
Andamos cerca
de 6 metros do acampamento e chegamos no Bosque Silveira, bosque que em meados
dos anos 70 a 80 ainda mantinha bastante
árvores e no centro perto da lagoa havia uma clareira de árvores altas e
médias, porém fartamente copadas.
A passarada, como
o azulão, bem-te-vi, carrochinha e os primos pobres pardais faziam uma
algazarra muito bem vinda, para a mente e para o corpo relaxar.
Sentamos no
chão e começamos a desfrutar do amargo
sorvo da vida, passando a cuia depois do ronco tradicional para ser enchido
e sorvido.
Observo o Kaku
com o olhar distante, de súbito volta a realidade e pergunta-me:
- Além do
cantar dos pássaros, ouves mais alguma coisa?
A moda
cachorro preguiçoso, estico as oreias para tentar ver o que os olhos não enchergam.
Tenho a nítida percepção de ouvir o barulho de uma carroça, respondi...
- Isso mesmo,
disse o Kaku, de uma carroça vazia.
Me bateu a
curiosidade e perguntei-lhe:
-Mas como sabe
que está vazia, se não a vimos?
-Porco Dio, é
fácil! Quanto mais vazia está a carroça, maior é o barulho que faz.
Fiquei com a purga por detrás da oreia.
O tempo
passou, aproximadamente 30 anos.
Hoje sinto
saudade dos meus 22 anos, 55 kilos...solterito
no más.
Com meus 50 e
picos de idade, 102, sim, de puro múscolo gordorento...avô
de 5 netos.
Já descendo a
escada da vida.
Consciente de
que o Pai clemente e misericordioso me deu 2 oreia e 1 boca, portanto, escuito mais que falo.
A moda..., sabe
da Ofélia? Só abre a boca quando tem certeza.
Claro que
naquele tempo, era diferente.
Eu sabia de
tudo e sobre todos.
Hoje, sei que
nada sei.!!!
Por isso
quando hoje em dia, principalmente em meio as reuniões religiosas, ou em bates
papos em roda de chimas, quando escuito esses políticos de M, pessoas
que querem OCUPAR espaço usando de leis de descriminação isso e aquilo, são
diferentes e pronto, mas que conquiste seus espaços e não obrigue a receberem o
que não merecem.
Conquistar, cativar,
ser reconhecido por méritos e não por decretos estranhos disseminados por mais
esquizitos ainda.
Do clube do
quanto pior, com certeza vai ser melhor... falar demais, aos gritos, tratando o
próximo com absoluta falta de respeito, prepotente, interrompendo todo diálogo
franco, não respeitando o direito de expressão alheio, a querer demonstrar que
só ele é dono da verdade, sinto a presença material do meu Kaku, olhos opacos,
cabelos esbranquiçados, finos ao vento, lhe dando um ar de rebeldia, sentindo
imensa tristeza de encontrar a cada pedaço de chão na estrada da vida tantas
cabeças vazias, que como a carroça, só fazem barulho, estardalhaço.
Volto ao
assunto das gavetas, e não poderia ser diferente, pois se limparmos ela, retirando
o enfadonho, o imprestável os negativos de maneira geral, e, deixarmos vazia, bem,
será pior que uma carroça a andar sem rumo.
A gororoba cerebral deve conter: restauração,
eliminação, renovação, inovação, aproveitamento..
Em nossa vida,
muitas vezes temos de nos resguardar por algum tempo e começar um processo de
renovação.
Aproveitar
datas de grande impacto, para começar a retomada é ótimo impulso para que continuemos a trilhar, caminhar pela estrada
da vida rumo a vitória, nos desprendendo de lembranças, costumes e outras
tradições que nos causaram dor.
Somente livres
do peso do passado, das culpas, medos, preconceitos, poderemos aproveitar o
resultado valioso que uma renovação sempre traz.
Ou jafusi inanga!!!
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